Minha primeira experiência com o birdwatching foi
por volta dos meus 8 anos de idade, no sítio do meu avô paterno. Ele era fã dos “passarinhos” e por muitos anos
os criou em gaiolas. Já velhinho descobriu que observá-los livres na natureza
era muito melhor. Sempre me mostrava os pássaros que ali circulavam e imitava
alguns cantos característicos, como o do bem-te-vi e o da fogo-apagou. Também
me levava à beira da lagoa para ver as garças e os patos. Alguns anos depois
meu avô faleceu e deixei de observar as aves com aquela mesma atenção. Em 2009,
já na graduação no curso de Biologia, participei de uma disciplina chamada
Zoologia de Campo e pela primeira vez acompanhei um ornitólogo na mata. Foi
mágico, eu saí dali tendo a certeza de que este era o meu caminho e desde então
venho estudando e trabalhando no mundo da aves. Comecei a fotografar em 2011.
Era uma máquina dessas categorias super-zoom, com 30X de aproximação. Ainda não
conhecia o termo: passarinhar, observava os “passarinhos” durante os trabalhos
de campo desenvolvidos no curso de biologia. No ano de 2012, iniciei um estágio
no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio).
Minha primeira viagem de campo foi a Estação Ecológica (Esec) Raso da Catarina
na Bahia, habitat da famosa arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), espécie endêmica e
ameaçada dentro de um paraíso na Caatinga, e por isso me sinto uma pessoa de
muita sorte. Nesta viagem conheci colaborados eventuais do ICMBio, e com eles
os termos “passarinhar” e “lifer”...Hummm, mal eu sabia que isso era “grave”.
No ano seguinte, mais uma expedição ao Raso da Catarina e conheci o famoso Ciro
Albano, reconhecido pelas suas deslumbrantes fotos. Lembro-me da reação ao ver
a lente que ele segurava na mão, pensava...”será uma bazuca”?! Para uma amadora
ver uma 500 mm é bem chocante, rs! Naquela viagem eu descobri o que realmente era
ser viciado em observação de aves, uma.atividade
de alto risco de “contágio”. Alguns meses depois após longas conversas pelo
facebook, o destino nos uniu e começamos a namorar, lógico que a nossa estreia juntos foi
passarinhando. Depois de 10 dias
em lugares incríveis já era tarde demais. Eu estava contaminada pelo vírus de
passarinhar e hoje esta é a atividade que mais me faz feliz!
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