A
postagem de hoje é sobre passarinhar em locais corriqueiros. Por que não
observar as aves no nosso “caminho da roça” que fazemos todos os dias!? No meu
caso, esse cantinho é o Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB). vocês podem fazer o mesmo já que muitas
universidades brasileiras são arborizadas, e costumo falar que, se tem árvore,
tem pássaro, é só procurar. Então, porque não fazer uma listinha da nossa
universidade, registrar alguns lifers e sair desbravando o campus por onde
passamos os nossos longos dias?Assim ainda ajudamos a mapear as aves,
registrando-as e publicando a lista do e-bird (já falamos bem dessa ferramenta
aqui, é só visitar os outros posts).
Todos
os dias faço o mesmo caminho pela universidade, prestando atenção nos bichos
que vejo e escuto, e sempre que possível faço uma listinha... Virou um vício
passarinhar no CCA. É uma ótima oportunidade de relaxar dos stress do dia a dia,
já que tenho que estar lá sempre mesmo. Basta tirar uma horinha e ir ali e
“acolá” observar e fotografar os bichos, até mesmo pela janela da sala quando
vou bater um papo com o meu orientador, rola de ver uns bichinhos, como por
exemplo, o pintor-verdadeiro (Tangara
fastuosa) tomando banho na água que se acumula nas folhas da bromélia.
A
primeira vez que saí para passarinhar no campus foi um pouco depois que cheguei
de uma viagem de campo, tinha acabado de adquirir minha máquina, uma super
zoom, NIKON P600. Dá para fazer muita coisa com essas belezinhas! Estava louca
pra fotografar as aves e nada melhor do que o caminho que faço todos os dias.
Parei
logo no conhecido laguinho da Fitotecnia e lá estavam: frango-d'água-comum (Gallinula galeata) - a primeira espécie
que eu fotografei no campus-, socozinho (Butorides
striata), jaçanã (Jacana jacana),
frango-d'água-azul (Porphyrio martinicus),
irerê (Dendrocygna viduata); sem
falar nas espécies que estão sempre ali no entorno, sempre mesmo, não tem erro.
Quer vê-los? Pare uns minutinhos por lá que já aparecem: freirinha (Arundinicola leucocephala), curutié (Certhiaxis cinnamomeus), corruíra (Troglodytes musculus),
lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta),
andorinha-doméstica-grande (Progne
chalybea), bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis)... ufa!
Irerê (Dendrocygna viduata).
Gente,
esse laguinho é um dos meus locais prediletos pra observação lá no campus, não
foi à toa que o escolhi logo de primeira. Dá para ver bem de pertinho os bichos
e ainda tem como observar e acompanhar a ecologia das espécies. É uma pena que
ele esteja tão poluído e tomado por espécies oportunistas que habitam esses locais cheios de matéria orgânica.
Basta
você observar com carinho que de tempos em tempos consegue-se ver os períodos
reprodutivos dos bichos, já presenciei todas as etapas da reprodução do
Frango-d'água-comum (Gallinula galeata),
já vi jovens de Jaçanã (Jacana jacana)
virarem adultos; sem falar no sumiço repentino dos Irerê (Dendrocygna viduata) e um tempo depois, o surgimento deles
novamente (estou me referindo ao período de migração dessas aves). Tá bom,
falei demais do laguinho, já deu pra perceber o quanto gosto dele. Mas a
passarinhada pelo campus não fica só por aí.
Na sequência
das fotos: a) casal de frango-d'água-comum (Gallinula
galeata) construindo o ninho, b) chocando os ovos, c) alimentando os
filhotes e d) zoom do filhote.
Por
que não visitar aqueles setores das universidades que são mais distantes e que
as vezes por falta de necessidade, ou até preguiça você não foi? Escolhi ir em
direção à área de biotecnologia e zootecnia e por lá encontrei tuim (Forpus xanthopterygius), baiano (Sporophila nigricollis), vira-bosta (Molothrus bonariensis), rolinha-roxa (Columbina talpacoti), canário-do-campo (Emberizoides herbícola), socó-boi (Tigrisoma lineatum).
Macho
do tuim (Forpus xanthopterygius).
Socó-boi
(Tigrisoma lineatum).
Indo
ao Prédio da Mata (onde se concentram a maioria das salas e ocorrem grande
parte das aulas) e o setor da Veterinária (onde estão os laboratórios e
hospital veterinário) tem canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), tiziu (Volatinia
jacarina), saí-canário (Thlypopsis
sórdida), garça-vaqueira (Bubulcus íbis) e garça-branca-grande (Ardea alba).
Garça-vaqueira
(Bubulcus íbis).
Durante
o percurso na Universidade, passando pelo Prédio Central, Biblioteca e todos os
outros locais, eu sempre avisto Pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa). Sim geeeeeeeeeeeente, ele mesmo! Lindo,
maravilhoso e colorido, já cheguei a ver cinco indivíduos da espécie fazendo
festa em uma árvore. Todo esse meu alvoroço é porque essa espécie encontra-se
ameaçada de extinção, mas acreditem, não tenho uma foto decente deles, sempre
perco a oportunidade, normalmente não estou com a câmera no momento dos
melhores “encontros”. Fora ele, ainda tem saíra-amarela (Tangara cayana), sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), sabiá-barranco (Turdus leucomelas), beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura). Sem falar no
martim-pescador-verde (Chloroceryle
amazona), martim-pescador-grande (Megaceryle
torquata) acho esses bichos fantásticos e é só olhar com carinho nos
laguinhos da piscicultura que você avistá-los por lá.
Caminho
entre o Prédio Central e a Biblioteca.
Recentemente,
em uma passarinhada rápida no fim de tarde com meu namorado e companheiro de
Laboratório Cayo Lima, (Cayo Lima, Wikiaves) registramos
saracura-três-potes (Aramides cajaneus),
registro novo pra o município de Areia no Wikiaves e o que é que eu fiz? Afobada
com o registro, heim heim? Corri e espantei o bicho, na verdade, os bichos,
porque eram dois indivíduos da espécie que estavam caminhando próximo a um
lago. Chorei horrores por isso. D-I-C-A: não se desespere ao ver uma espécie
que seja um lifer ou por outro motivo qualquer, principalmente se a espécie for
uma dessas terrícolas mais ariscas que não dão tanto mole de aparecer assim.
Bem, por sorte o registro pra cidade foi garantido, já que enquanto eu corria
em direção a saracura (quanto amadorismo!), Cayo conseguiu duas fotos ¬¬’
Por
aqui encontramos ainda o Carrapateiro (Milvago
chimachima), Gavião-pedrês (Buteo
nitidus) entre outros rapinantes, mas não sou muito boa em identificar
esses bichos em voo e quase nunca os visualizei-os pousados para registrá-los,
tirar foto com eles voando ainda não consigo, meu amadorismo com a câmera não
me permite isso rsrsrsrs. Tenho tanto a aprender ainda.
A
lista do Campus totaliza 120 espécies (Lista de espécies), esta
construída por nossa equipe do Laboratório de Zoologia dos Vertebrados e
Paleontologia. Para ver mais fotos das minhas passarinhadas no CCA e outras, é só entrar no meu perfil do Wikiaves > Nayla Nascimento, Wikiaves.
Então,
estão esperando o quê? Vamos desbravar as universidades por aí a fora!? :D
Fotos por: Nayla Nascimento.