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sábado, 30 de maio de 2015

Centro de Ciências Agrárias – UFPB – Campus II – Areia – PB

A postagem de hoje é sobre passarinhar em locais corriqueiros. Por que não observar as aves no nosso “caminho da roça” que fazemos todos os dias!? No meu caso, esse cantinho é o Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). vocês podem fazer o mesmo já que muitas universidades brasileiras são arborizadas, e costumo falar que, se tem árvore, tem pássaro, é só procurar. Então, porque não fazer uma listinha da nossa universidade, registrar alguns lifers e sair desbravando o campus por onde passamos os nossos longos dias?Assim ainda ajudamos a mapear as aves, registrando-as e publicando a lista do e-bird (já falamos bem dessa ferramenta aqui, é só visitar os outros posts).

Localização do Campus da UFPB, situado no município de Areia – PB.

Todos os dias faço o mesmo caminho pela universidade, prestando atenção nos bichos que vejo e escuto, e sempre que possível faço uma listinha... Virou um vício passarinhar no CCA. É uma ótima oportunidade de relaxar dos stress do dia a dia, já que tenho que estar lá sempre mesmo. Basta tirar uma horinha e ir ali e “acolá” observar e fotografar os bichos, até mesmo pela janela da sala quando vou bater um papo com o meu orientador, rola de ver uns bichinhos, como por exemplo, o pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa) tomando banho na água que se acumula nas folhas da bromélia.

Imagem da entrada principal do CCA.

A primeira vez que saí para passarinhar no campus foi um pouco depois que cheguei de uma viagem de campo, tinha acabado de adquirir minha máquina, uma super zoom, NIKON P600. Dá para fazer muita coisa com essas belezinhas! Estava louca pra fotografar as aves e nada melhor do que o caminho que faço todos os dias.

Parei logo no conhecido laguinho da Fitotecnia e lá estavam: frango-d'água-comum (Gallinula galeata) - a primeira espécie que eu fotografei no campus-, socozinho (Butorides striata), jaçanã (Jacana jacana), frango-d'água-azul (Porphyrio martinicus), irerê (Dendrocygna viduata); sem falar nas espécies que estão sempre ali no entorno, sempre mesmo, não tem erro. Quer vê-los? Pare uns minutinhos por lá que já aparecem: freirinha (Arundinicola leucocephala), curutié (Certhiaxis cinnamomeus), corruíra (Troglodytes musculus), lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta), andorinha-doméstica-grande (Progne chalybea), bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis)... ufa!

Frango-d'água-comum (Gallinula galeata).

Frango-d'água-azul (Porphyrio martinicus).

Irerê (Dendrocygna viduata).


Socozinho (Butorides striata).


Casal de freirinha (Arundinicola leucocephala), fêmea e macho respectivamente.


Bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis).


Gente, esse laguinho é um dos meus locais prediletos pra observação lá no campus, não foi à toa que o escolhi logo de primeira. Dá para ver bem de pertinho os bichos e ainda tem como observar e acompanhar a ecologia das espécies. É uma pena que ele esteja tão poluído e tomado por espécies oportunistas que habitam esses locais cheios de matéria orgânica.

O tão falado lago da Fitotecnia.

Basta você observar com carinho que de tempos em tempos consegue-se ver os períodos reprodutivos dos bichos, já presenciei todas as etapas da reprodução do Frango-d'água-comum (Gallinula galeata), já vi jovens de Jaçanã (Jacana jacana) virarem adultos; sem falar no sumiço repentino dos Irerê (Dendrocygna viduata) e um tempo depois, o surgimento deles novamente (estou me referindo ao período de migração dessas aves). Tá bom, falei demais do laguinho, já deu pra perceber o quanto gosto dele. Mas a passarinhada pelo campus não fica só por aí.

Na sequência das fotos: a) casal de frango-d'água-comum (Gallinula galeata) construindo o ninho, b) chocando os ovos, c) alimentando os filhotes e d) zoom do filhote.

Tal mãe, tal filho (já diz o ditado). Indivíduos adulto e jovem de Jaçanã (Jacana jacana).

Por que não visitar aqueles setores das universidades que são mais distantes e que as vezes por falta de necessidade, ou até preguiça você não foi? Escolhi ir em direção à área de biotecnologia e zootecnia e por lá encontrei tuim (Forpus xanthopterygius), baiano (Sporophila nigricollis), vira-bosta (Molothrus bonariensis), rolinha-roxa (Columbina talpacoti), canário-do-campo (Emberizoides herbícola), socó-boi (Tigrisoma lineatum).

Macho do tuim (Forpus xanthopterygius).

Socó-boi (Tigrisoma lineatum).

Indo ao Prédio da Mata (onde se concentram a maioria das salas e ocorrem grande parte das aulas) e o setor da Veterinária (onde estão os laboratórios e hospital veterinário) tem canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), tiziu (Volatinia jacarina), saí-canário (Thlypopsis sórdida), garça-vaqueira (Bubulcus íbis) e garça-branca-grande (Ardea alba).

Canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola).

Garça-vaqueira (Bubulcus íbis).

Durante o percurso na Universidade, passando pelo Prédio Central, Biblioteca e todos os outros locais, eu sempre avisto Pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa). Sim geeeeeeeeeeeente, ele mesmo! Lindo, maravilhoso e colorido, já cheguei a ver cinco indivíduos da espécie fazendo festa em uma árvore. Todo esse meu alvoroço é porque essa espécie encontra-se ameaçada de extinção, mas acreditem, não tenho uma foto decente deles, sempre perco a oportunidade, normalmente não estou com a câmera no momento dos melhores “encontros”. Fora ele, ainda tem saíra-amarela (Tangara cayana), sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), sabiá-barranco (Turdus leucomelas), beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura). Sem falar no martim-pescador-verde (Chloroceryle amazona), martim-pescador-grande (Megaceryle torquata) acho esses bichos fantásticos e é só olhar com carinho nos laguinhos da piscicultura que você avistá-los por lá.

Caminho entre o Prédio Central e a Biblioteca.

Recentemente, em uma passarinhada rápida no fim de tarde com meu namorado e companheiro de Laboratório Cayo Lima, (Cayo Lima, Wikiaves) registramos saracura-três-potes (Aramides cajaneus), registro novo pra o município de Areia no Wikiaves e o que é que eu fiz? Afobada com o registro, heim heim? Corri e espantei o bicho, na verdade, os bichos, porque eram dois indivíduos da espécie que estavam caminhando próximo a um lago. Chorei horrores por isso. D-I-C-A: não se desespere ao ver uma espécie que seja um lifer ou por outro motivo qualquer, principalmente se a espécie for uma dessas terrícolas mais ariscas que não dão tanto mole de aparecer assim. Bem, por sorte o registro pra cidade foi garantido, já que enquanto eu corria em direção a saracura (quanto amadorismo!), Cayo conseguiu duas fotos ¬¬’

Por aqui encontramos ainda o Carrapateiro (Milvago chimachima), Gavião-pedrês (Buteo nitidus) entre outros rapinantes, mas não sou muito boa em identificar esses bichos em voo e quase nunca os visualizei-os pousados para registrá-los, tirar foto com eles voando ainda não consigo, meu amadorismo com a câmera não me permite isso rsrsrsrs. Tenho tanto a aprender ainda.

A lista do Campus totaliza 120 espécies (Lista de espécies), esta construída por nossa equipe do Laboratório de Zoologia dos Vertebrados e Paleontologia. Para ver mais fotos das minhas passarinhadas no CCA e outras, é só entrar no meu perfil do Wikiaves > Nayla Nascimento, Wikiaves.

Então, estão esperando o quê? Vamos desbravar as universidades por aí a fora!? :D

Fotos por: Nayla Nascimento.


terça-feira, 26 de maio de 2015

Penelopes Birding – Avistar 2015

Neste ano tivemos o privilégio de nos apresentar no Avistar,  encontro brasileiro de observadores de aves (para quem não conhece, eu indico o texto da Tietta Pivatto, no blog Bonito Birdwatching (bonitobirdwatching).
O Avistar é um ótimo evento para aprofundar os conhecimentos sobre a observação de aves, ouvir palestras sobre locais maravilhosos e o melhor de tudo fazer novos amigos e rever os antigos. Pessoas que possuem o mesmo interesse que ainda não é muito comum, mas que um dia vai ser: o Birdwatching. Ali você não é julgado e nem taxado de louco por investir seu tempo e dinheiro atrás de passarinho, pelo contrário em mais 80% das conversas esse é o tema em destaque! É confortante poder conversar com alguém que você se emocionou e chorou ao ver uma espécie muito desejada, certamente o seu colega observador vai entender rs! Ou que você passa suas férias dentro de uma mata acordando todos os dias às 4:30 da manhã.
Nesta edição, o avistar completou  10 anos de existência e estávamos marcando presença! Infelizmente não fomos todas,  sair do Nordeste até São Paulo gera um custo elevado, mas quem sabe no próximo ano estaremos juntas no Avistar 2016 . Durante  o evento fomos cumprimentadas pela nossa iniciativa, que a ideia de reunir mulheres era fantástica, ainda mais numa região tão machista como a nossa!
A palestra sobre as Penelopes Birding ocorreu no último dia do evento, foi construída por todas nós, mesmo sendo apresentada por apenas uma integrante.  Contamos um pouco como nosso grupo surgiu, as passarinhadas realizadas, parcerias que já fizemos e nossos sonhos futuros! Também oferecemos a venda de nossas camisas para espalhar a ideia do grupo pelo Brasil a fora e quem sabe estimular o surgimento de outros femininos por ai! A meta é 1.000.000 de observadores. Vamos lá.

Penelopes marcando presença no Avistar Brasil
Palestra: Penelopes Birding


No vídeo a seguir você pode conferir algumas fotos do evento!





segunda-feira, 11 de maio de 2015

Fazenda Campo Verde - Alagoa Grande - PB


A tradição da páscoa é procurar ovos, mas para as Penelopes foi um pouco diferente. Resolvemos nos juntar e procurar o que mais gostamos, as aves. Aproveitamos a passarinhada pra colocar as Penelopes no Desafio aves da páscoa, esse desafio foi organizado pelo Avistar Brasil. O objetivo era simples: fazer uma lista ou várias listas das espécies que seriam observadas nesse período (02 a 06 de Abril), e publica-las no Táxeus ou eBird com a tag #desafioavesdapascoa e postar o link da mesma no evento do Facebook também com a hashtag (Pag. do evento no Facebook).

O local escolhido desta vez foi a Fazenda Campo Verde que pertence ao pai (Nilson Nascimento) da Penelope Nayla. A fazenda localiza-se no município de Alagoa Grande, ela fica na zona rural da cidade, a apenas alguns minutos da área urbana, próximo ao distrito de Zumbi. Está inserida em uma área de caatinga, porém não encontra-se bem preservada, pois a área é mantida para plantação de cana e criação de gado. Mas mesmo não sendo uma área com muita diversidade não é motivo para não passarinharmos, sempre terá um bicho legal de se observar por mais comum que ele seja, sem falar que é sempre bom mapear os bichos por aí a fora. A maioria desses locais nem tem aves registradas e quando tem são muito poucas em banco de dados como o Wikiaves por exemplo.

 Localização da Fazenda Campo Verde.

Saímos da casa da Nayla (onde ficamos hospedas) por volta das 11hr e em poucos minutos já estávamos no local, íamos almoçar por lá e passarinhar ao longo da tarde. A passarinhada foi em clima bem descontraído, pois a família e os amigos estavam presentes, além disso comemos churrasco, tomamos banho de bica e depois o nosso princial objetivo: PASSARINHAR. 


Vista Panorâmica da Fazenda Campo Verde registro feito da varanda da casa principal.

Antes de chegar na estrada de barro, ainda no quintal de casa, estavam ferreirinho-relógio (Todirostrum cinereum), saí-canário (Thlypopsis sórdida) e canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola). Continuamos nossa lista durante o caminho, levamos essa história de desafio a sério, fazer listas vicia rsrsrsrsrs. Na entrada da fazenda estavam rolinha-roxa (Columbina talpacoti) e tiziu (Volatinia jacarina). 

O tiziu (Volatinia jacarina) fez charme para as fotos.

 Jovem de canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola).

Assim que chegamos a casa cede da fazenda, vimos o curutié (Certhiaxis cinnamomeus). Preparamos-nos para a primeira volta nos arredores, bem na frente da casa em uma arvorezinha tinha um ninho enorme de joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons). Saímos no entorno da casa em direção a cocheira aonde tinha algumas árvores mais altas e percebemos uns movimentos por lá, logo que chegamos vimos tuim (Forpus xanthopterygius), asa-de-telha-pálido (Agelaioides fringillarius), um macho do fim-fim (Euphonia chlorotica) ficou se “penteando” na nossa frente e rolou até vídeo.Ouvimos ainda no mesmo local: gavião-carijó (Rupornis magnirostris), guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster) e bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). 



Ninho do joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons).

Fim-fim (Euphonia chlorotica), tuim (Forpus xanthopterygius), asa-de-telha-pálido (Agelaioides fringillarius), curutié (Certhiaxis cinnamomeus) e joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons).

 Não são só aves que as Penelopes observam!

Entre uma volta e outra íamos a casa nos abastecer de água (a caatinga é um ambiente muito seco), entre essas idas e vindas vimos duas aves voando rapidamente para uma árvore ao lado da varanda da casa, fomos nos aproximando e identificamos, era um casal de saíra-amarela (Tangara cayana). Descobrimos que eles estavam alimentando - seu filhote no ninho. Nos posicionamos em uma distância segura para não incomodar o filhote nem os pais, fotografamos e filmamos o filhote dando show. 

Casa cede da Fazenda.
 Fihote de saíra-amarela (Tangara cayana) dentro do ninho.

Paramos um pouco para almoçar, não podíamos dispensar uma bela de uma feijoada né?! Sem falar que o calor estava maltratando, então um descanso era bom. Após o almoço seguimos em direção a casa do caseiro onde a área parecia ser um pouco mais preservada. Para nossa surpresa assim que chegamos próximo a casinha ouvimos o choró-boi (Taraba major), enquanto tentávamos usar a técnica de play back para avistar a espécie, ouvimos um barulho na árvore mais  alta e acima de nossa cabeça estavam um casal de saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata), logo ao lado alguém que só queria mostrar o rabinho, mas depois de muito esperar virou e era mais um casal só que desta vez de figuinha-de-rabo-castanho (Conirostrum speciosum), geralmente essas espécies estão em bandos mistos. Em seguida mais um casal surgiu dessa vez de balança-rabo-de-chapéu-preto (Polioptila plúmbea), essa era a arvore dos casais.

Casal de saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata), a esquerda fêmea e direita macho.

 As Penelopes não resistem às flores no caminho!

Na volta, pousado na cerca, recebendo um sol da tarde estava o tico-tico-do-campo (Ammodramus humeralis), estava em uma pose bem elegante. Sobrevoando, enquanto admirávamos o tico-tico-do-campo, estava o urubu-de-cabeça-amarela (Cathartes burrovianus). 

Tico-tico-do-campo (Ammodramus humeralis).

 Urubu-de-cabeça-amarela (Cathartes burrovianus).

Resolvemos sair um pouco da área no entorno das casas e fomos pra área do açude ver se avistávamos algo. Logo na descida vimos um bando de garça-vaqueira (Bubulcus íbis) que pelo horário (já era por volta das 16:30) deveriam estar indo para um dormitório. Próximo ao açude novamente o tiziu, a luz do pôr-do-sol fez sua coloração sair bem azulada nas fotos, tinha também a lavadeira-de-cara-branca (Fluvicola albiventer). Na outra margem do açude, que está bem castigado devido à seca na região, estavam alguns indivíduos de anu-preto (Crotophaga ani), que levantaram voo assim que chegamos. 
Paisagem do açude.

Ficamos com as amigas na margem do açude, tiramos umas fotos, descontraímos um pouco e resolvemos voltar pra casa principal, pois já estava escurecendo. Na subida passou voando solitária uma garça-branca-grande (Ardea alba) e mais afrente escutamos uma vocalização característicada inhambu-chintã (Crypturellus tataupa), fechamos a nossa lista com chave de ouro, falando em lista, a  nossa do dia rendeu 38 registro (Link da lista no Ebird) .O dono da propriedade pai de uma das Penelopes, Nilson, ficou impressionado achava que por lá só existiam poucas espécies como pardal e canário kkkkkk.

 Pôr do sol na Fazenda Campo Verde.

 Alguns dos companheiros das Penelopes durante o domingo.

A foto das Penelopes é de lei.

Voltamos pra casa satisfeitas de ter participado do desafio de páscoa, adoramos essa ideia de procurar aves ao invés de cholotales e nos despedimos da fazenda com uma linda lua nos dando boa noite.
  A lua sempre linda dando desejando uma boa noite as Penelopes, fechando o domingo com chave de ouro.

Vídeos com os melhores momentos das Penelopes Birding durante a passarinhada.

Fotos: Cristine Prates, Nayla Nascimento e Samara Medeiros.
Agradecimentos:
 Ao Nilson do Nascimento proprietário da localidade e sua esposa Fátima Lima pela disponibilidade e acolhimento, sem falar na maravilhosa feijoada da Dona Fátima;
Ao Ciro Albano por sempre auxiliar nas identificações das vocalizações.